sexta-feira, 10 de junho de 2016

Primeiro

Entrado 23 de setembro- ausência de flores. Primavera é um equívoco no cerrado. O ar na capital é o bafo de uma mulher seca, ou homem. O frio é um quase nunca, a água é nunca e a vida continua o quase de sempre. Somos tédio, arrepio e deserto. Lá numa avenida central, carros decorados com caveira mandam veículos passearem por outras rotas. Arrota um medo e geme e pensa "minha mãe vai morrer em plena primavera". O tempo das flores no sertão do país não trás pétalas em cores vivas. Floresce aqui só o que há de mais adaptado. Anos de sequidão... O perfume exalado é morte. A mãe respira o ar de quase chuva, de quase flores, e quase vive. Enfim "morreu minha mãe", pensa, não mais geme, não mais se atemoriza. Chora. Pouco, mas chora. São de lágrimas muito da umidade do mundo equivocado de acá.